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NOSSO LAR em linguagem de hoje - André Luiz e Chico Xavier - Capítulo 01 - Nas Zonas Inferiores
Publicado em: 02 de junho de 2007, 12:06:38  -  Lido 6016 vez(es)

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NOSSO LAR em português de hoje em dia
Pelo espírito André Luiz - Série Nosso Lar
Psicografado por Chico Xavier (Francisco Cândido Xavier)
Adaptado por Maisa Intelisano - http://colunas.voadores.com.br/maisa
Este projeto visa uma maior popularização e compreensão da mensagem de André Luiz
Divulgado pela lista voadores: http://lista.voadores.com.br
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1
NAS ZONAS INFERIORES


Eu tinha a impressão de haver perdido a idéia de tempo. A noção de espaço já havia desaparecido há muito tempo.

Eu tinha certeza de que não pertencia mais ao mundo dos vivos e, no entanto, meus pulmões respiravam profundamente.

Desde quando havia me tornado brinquedo de forças irresistíveis? Impossível dizer.

Sentia-me, na verdade, espectro amargurado preso pelo horror. Cabelos desarrumados, coração aos pulos, medo terrível tomando conta do meu ser, muitas vezes gritei como louco, implorei piedade e protestei contra o doloroso desânimo que me vencia o espírito; mas quando não era o silêncio cruel que engolia minha voz, gemidos mais tristes que os meus respondiam aos meus chamados.

Outras vezes, gargalhadas sinistras interrompiam o silêncio do lugar. Algum companheiro desconhecido enlouquecido, pensava eu. Formas diabólicas, rostos abestalhados, expressões animalescas surgiam, de vez em quando, agravando meu medo. A paisagem, quando não estava totalmente escura, parecia envolvida em luz esbranquiçada, como um cadáver vestido de pesada neblina, que os raios de
Sol aquecessem de muito longe.

E a estranha viagem prosseguia... Com que finalidade? Quem poderia responder? Só sabia que fugia o tempo todo... O medo me levava aos trancos e barrancos. Onde estavam o lar, a esposa, os filhos? Tinha perdido totalmente a noção de direção. O medo do desconhecido e da escuridão me anularam toda capacidade de pensar, assim que rompi os últimos laços com o corpo físico, que já estava enterrado.

Minha consciência estava atormentada: preferiria ter perdido totalmente a razão, o não-ser.

No começo, chorava sem parar e só em raros momentos conseguia a felicidade de dormir. Mas a sensação de alívio logo era interrompida. Seres monstruosos me acordavam com ironia; tinha que fugir deles.

Percebia agora que lugar estranho era aquele que surgia numa nuvem de poeira do mundo e, no entanto, já era tarde. Pensamentos de angústia perturbavam meu cérebro. Mal planejava uma saída e vários incidentes me levavam a conclusões
confusas. Em nenhum momento a questão religiosa pareceu tão profunda para mim.

Os princípios meramente filosóficos, políticos e científicos agora me pareciam extremamente sem importância para a vida humana. No meu entender, representavam algo importante no mundo físico, mas era necessário reconhecer que a humanidade não se constitui de gerações passageiras e sim de espíritos eternos, a caminho de um destino glorioso. Percebia que alguma coisa permanece acima de toda teoria meramente intelectual. É a fé, manifestação de Deus para o homem. No entanto, chegava muito tarde a essa conclusão. De fato, conhecia os textos do Antigo Testamento e muitas vezes havia folheado o Evangelho; entretanto, era forçado a reconhecer que nunca tinha me interessado realmente pelos textos sagrados. Procurava a opinião de escritores não muito voltados para o sentimento e a consciência, ou discordando completamente das verdades essenciais. Em outras ocasiões, procurava as interpretações religiosas, sem nunca vencer as contradições com que tinha me acomodado.

Na verdade, no meu conceito, não tinha sido um criminoso. Mas o imediatismo tinha me vencido. Minha vida física, transformada pela morte, não tinha sido marcada por fatos diferentes do padrão comum.

Filho de pais talvez generosos demais, consegui meus diplomas superiores sem muito sacrifício, compartilhei dos vícios da juventude da minha época, formei um lar, tive filhos, procurei estabilidade para garantir a tranquilidade econômica de minha família,
mas, pondo a mão na consciência, que me acusava silenciosamente, alguma coisa me dava a sensação de tempo perdido. Tinha vivido na Terra, usufruído seus bens, aproveitado as bênçãos da vida, mas não tinha quitado completamente o débito enorme. Tive pais generosos ededicados que nunca soube valorizar; prendi esposa e filhos com egoísmo feroz e destruidor. Tive um lar que fechei a todas as pessoas que se encontravam em dificuldades. Aproveitei as alegrias da família, esquecendo de dividir essa bênção com o resto da humanidade, permanecendo indiferente aos mais básicos deveres de fraternidade.

No fim, como uma flor criada em estufa, não conseguia encarar a realidade eterna.
Não tinha desenvolvido os potenciais que Deus tinha me dado. Sufoquei tudo, criminosamente, pensando só no meu bem estar. Não me preparei para a nova vida.
Por isso era justo que me sentisse como um aleijado que fosse obrigado a caminhar para continuar viagem; ou como pobre mendigo que, cansado no deserto, caminha sem destino, empurrado por ventos fortes.

Ah, amigos da Terra, quantos de vocês podem evitar essa angústia, preparando o próprio coração? Acendam suas luzes interiores antes de passar pela morte.
Busquem a verdade antes que a verdade chegue de surpresa. Suem agorapara não chorar depois.



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Psicografado por Chico Xavier (Francisco Cândido Xavier)
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