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>> Colunistas > CONTO: A dança do bravo xamã com a morte Publicado em: 04 de setembro de 2006, 15:48:37 - Lido 2584 vez(es) Abri devagarinho o olho, um só, pra ver se valia a pena abrir o outro, e vi que não estava mais na minha cama. Quer dizer, estava numa cama, mas não era a minha. Percebi logo que vi lençóis limpos... Havia uma mulher sentada aos pés do leito. Vestido florido, cabelos castanho-claros cacheados, limpando as unhas distraidamente com uma pequena foice de ouro. Quando percebeu que eu estava lúcido, sorriu pra mim e disse: 'Olá, chegou a hora... vim te apanhar... Espero que não esperneie tanto, como das outras vezes...' Saquei logo, e mantive a fleuma: 'Ora, não se preocupe... Nesta vida sou um guerreiro impecável, pronto pra tudo. Não é vc que vai me abalar... Além disso, a mulher que eu amava me largou, não aguento mais o tédio que é o meu trabalho, e as coisas estão cada vez mais caras...' 'Nada que eu não possa resolver. De vez', disse ela. 'Ok', disse eu. 'Li não sei aonde que a última coisa que um guerreiro faz nesta vida é dançar para a morte. Posso dançar para vc?' 'É demorado?' perguntou ela, com ar enfastiado. 'Um nadinha... Alguns passos e pronto...' 'Tá. Dança.' 'É, mas preciso de uma maraca xamânica, pra acompanhar.' 'Ok. Plasma uma.' 'Não dá. Tem que ser uma maraca consagrada ao Grande Espírito. Leva uma semana pra preparar. Faz o seguinte, deixa eu voltar lá no físico e pegar o duplo da minha...' 'Tá. Mas não demora, que a minha lista de visitas agendadas é grande...' 'Pode deixar. É vapt-vupt e já volto...' * * * Pois é. Isso foi anteontem. Se duvidar, ainda está lá sentada, me esperando, até agora... Bene -- |
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