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RELATO projetivo: Lakshimi - Uma Experiência em Corpo Mental
Publicado em: 04 de setembro de 2006, 19:28:07  -  Lido 6484 vez(es)



Relato de uma expansão da consciência (samadhi, satori, nirvana, saída em plano mental) meu, onde vi a Mataji (irmã de Babaji) fundindo-se em Lakshimi.
Neste nível, pouco importa se era a Lakshimi (o nome que vai ser citado no relato), ou alguma das consciência encarnadas ou não citadas, que tenha servido de ponte para minha ligação com a Deusa, com a Mãe Divina.
Neste estado de consciência, ERAM TODAS UMA SÓ.

Que a leitura lhes propicie uma "carona" no Amor em que esse texto foi escrito.

Lázaro Freire


"Não tenho um rosto porque estou em todos. Sou todas e sou nenhuma.
Em tudo de lá que se move. Em tudo de cá que se vive."
Lakshimi

Primeiro Ato - Ontem no IPPB

Começa o tão aguardado "curso" Om Satva, fase 16. Wagner nos lembra
sobre sarana (refúgios espirituais), e passa vários mantras
relacionados.
Por exemplo:
Ganesha Sarana lembra o refúgio de proteção inspirado
por Ganesha.
Do mesmo modo, Jesus Sarana é um mantra para buscarmos o
refúgio do amor e compaixão.
Buda Sarana nos leva ao refúgio da
reflexão.
Krishna Sarana nos leva ao refúgio do dharma, da missão
cumprida acima de tudo...
E assim sucessivamente.

Nos são ensinados mantras baseados em Sarana para todas as ocasiões,
acessando a egrégora de inúmeros sábios, rishis e mestres: Vyasa,
Sukadeva, Ramakrishna, Babaji...

(OBS: vide mensagem no histórico da lista, sobre SARANA - A Adriana
Jedi repassou esta parte da aula)

Mas o Wagner disse que faltou um.
Quando pensou em ensinar o refúgio
associado a um determinado nome, a "pessoa" apareceu na frente dele,
fez um gesto de mão especial, que ele sabia significar NÃO.
Ele argumenta que seria útil, mas a pessoa, acostumada sempre a
trabalhar em total silêncio e quase anonimato, faz novamente o gesto,
girando as mãos e as estendendo em sinal de PARE, significando NÃO.

Na mesma hora em que o Wagner relata, eu vejo a "pessoa" em minha
frente. Brincamos tentando adivinhar, mas não digo quem vi para
respeitar a proibição que o Wagner recebeu, e a vontade dela.
Apenas pergunto se é homem ou mulher - e o Wagner confirma minha
visão, depois, confessando que é mulher.
Sim, e que mulher. Uma para-gata!!! Pouquíssimo conhecida, pouco
referenciada.

(OBS: Depois ela permitiu a identificação, em outro dia, como quem
concede um capricho a uma criança - mesmo sem entender essa nossa
curiosidade humana e necessidade de nomes... e só por isso a citei no
começo da mensagem)

Wagner ensina também que VARUNA era o Deus das águas nos primeiros
vedas. E conta a história... E nos diz também que seu bija-mantra é
VA.
Mas o Deus das águas flutuava sobre o mundo, e mil metáforas
que não vem ao caso agora...
Mas o fato importante é que ele nos revelou que este bija-mantra VA,
de Varuna, que *flutuava* sobre as águas, era o mantra projetivo
utilizando pelos primeiros yogues, e portanto, possui uma força
milenar.
Um mantra a ser vibrado na base da nuca, atrás, bem no ponto onde se
ligam os filamentos mais sutis do cordão de prata ao psicossoma.
VA... VA... VA...

Segundo Ato - A primeira prática

O Om Satva é um curso sem cadeiras.
A turma já entra no sentando chão, em colchonetes, pois há muito mais
práticas do que teoria.
E lá estavamos para o primeiro vôo da noite, fazendo exercícios
(inicialmente em duplas), criando coletivamente formas mentais no
cardíaco e no frontal.
E lá estava eu, de posse das informações do primeiro ato.
E na minha mente só havia, mesmo que eu não quisesse, o "NOME DELA
Sarana", o nome da yogini quase anônima, que representa o refúgio na
tempestade, o ponto de luz na terra quando tudo mais são trevas...
E o nome (e imagem) dela não saiam de minha mente, quase como se ela
fosse uma deusa, como se aquela mulher fabulosa fosse a própria
imagem da mãe divina.

(OBS: e era...)

( Vale notar que em poucos lugares de São Paulo e seus 15 bilhões de
habitantes havia, ao mesmo tempo, uma atividade espiritual
semelhante. E modéstia a parte, mesmo na Índia não é comum, uma vez
que lá as pessoas se apegam em uma religiosidade excessiva,
devocional... Quantos grupos no mundo se dedicavam naquele momento a
vibrar ESTE TIPO de trabalho, de sintonia, de recuperação não-
religiosoa mas bastante espiritual de devas, yogues, rishis e sábios
milenares, em pról do bem? Não a religiosidade hindu de hoje,
miserável na matéria e nas emoções, corrompida, fundamentalista - mas
a ancestral? A sabedoria dos antigos mestres? O conhecimento perdido,
recuperado fora do corpo? Quantos grupos no mundo evocavam com tal
fervor seus nomes naquele momento, e sem a cegueria da devoção, sem a
frieza do intelecto, mas sim em plena sintonia, de mente aberta?
Claro que isso envia ondas no astral, sintonias, e traz consigo
presenças e acompanhamentos... O que justifica "algumas" presenças
nobres que nós, por nossos próprios egos e atos, não mereceriamos...)
Fecha parênteses.

Após as visualizações em conjunto, ficamos ainda separados por um
tempo, sentados - para não apagar ao deitar - fazendo determinadas
práticas.
Por força do hábito, lá vou eu para a posição de lótus inteira (na
qual eu já estava antes).
E faço míseras 3 seriezinhas de pranayamas alternados de krya yoga,
com subida parcial de shakti (kundalini).
Não sei pra quê!!!
Não aprendo que cada vez que faço este troço em lótus, corro o risco
de entrar em samadhi, e que depois fica difícil trabalhar no dia a
dia?
Não, não aprendo. Ainda bem que o maldito cigarro prejudica um pouco
a captação de prana, penso eu, caso contrário eu realmente não
aguentaria isto aqui. Se com 10 pranayamas é samadhi quase certo, se
eu não fumasse eu estava perdido...

Tudo bem. Ainda bem que faço só três. A clarividência abre, e não
vejo mais minhas pernas, e sim o "acelerador de partículas" em forma
de X que este âsana (postura yogue) me propicia.

As práticas continuam, e é hora de deitarmos.
Lá vou eu. Wagner coloca uma música espacial arrasante. Segundo
ele, "capotante".
Eu me deito com estas imagens todas na mente. Pensando "NELA Sarana".
E com a shakti acelerada.

Lembro do mantra VA que ele ensinara. O coloco na base da nuca, atrás.
VA VA VA VA VA VA VA VA VA VA VA
Me lembro dos aspectos de Vishnu antes de Rama, da tartaruga divina,
da presença de Deus nos oceanos, na vida vindo do mar, da força
evolutiva que moveu este planeta...
Minha aura expande...
VA VA VA VA VA VA VA
Um calor quase insuportável aquece a base de minha nuca. Quase
desconfortável.
Vejo o teto ficar mais próximo...
Estou subindo verticalmente, por cima de meu corpo físico,
naturalmente...
Como se o VA fosse um retro-foguete ligado na minha para-nuca!!!

Resultado:
O previsível.
Uma expansão da consciência, uma saída meio que em plano mental.
A sensação é indescritível, mas como foi graças a Deus uma expansão
meia-boca, dá para (tentar) traduzir em imagens:

No meio de sensações e fusões ao todo, lá estou eu
novamente "projetado", vendo o universo do ponto de vista de "Deus".
Galáxias distantes, dançando.
Sei naquele momento que são organismos VIVOS, INTELIGENTES, e que
suas estrelas são apenas células, e seus planetas e seres apenas
moléculas e átomos...
Vida dentro de vida, deuses dentro de deuses, em progressão
infinita...
Vejo uma galáxia se aproximar, ao mesmo tempo que tenho todas as
respostas da criação, e estou em todos os seres.
Antes eu via as galáxias de tão longe que pareciam pouco mais que
estrelas...
Agora navego pelo espaço sem fim, mas já em uma perspectiva tri-
dimensional, situada... Já volta a existir o conceito de tela mental,
e se estar situado.
A expansão da consciência neste momento parece mais uma grande exo-
projeção, como se fosse "apenas" uma projeção no espaço sideral - mas
a sensação inconfundível de ser Deus, de estar junto com ele, e de eu
ser a centelha, o atmam que anima todos os seres e cada um dos corpos
celestes permanece, me garantindo tratar-se de algo no domínio do
plano mental, de um samadhi.

Uma galáxia começa a crescer, como se minha nava imaginária se
movesse em direção a ela... Zilhões de anos-luz ficam para trás,
estrelas e galáxias laterais parecem apenas uma linha esticada, uma
curvatura de tempo-espaço, enquanto aquela espiral se aproxima.

Como estou mais no domínio do coração do que da mente, eu não a
reconheço, mas a "sinto". Ela é familiar. Tenho um enorme carinho por
aquele "bichinho" - pois neste momento, contemplo muito além do
tempo, e vejo o movimento da espiral durante bilhões de anos...
Ela se move, se expande, é viva, como se fosse alguma espécie de
animal marinho, molusculo, nadando na imensidão azul e negra do mar
universal de Brahman.
Galáxias são SERES!!! E isto é REAL, e não uma metáfora!
Sistemas solares são seus órgãos, e planetas são suas células.
(Espero que nós, que corroemos o planeta em minerações e queimadas,
nos alastrando, possamos um dia ser algo melhor que um vírus)

Levará ainda algum tempo para minha mente lembrar do formato de
Andrômeda, esticada; e da Via Láctea, mais circular; e reconhecer
aquela galáxia que se aproxima como sendo esta última, a casa de
nosso Sol.
Mas antes da mente se lembrar das catalogações das aulas de física e
imagens de telescópios, o coração já a sente como um serzinho
querido...
Um pequeno ser que EU criei, que tem minha centelha divina...
Um bichinho inteligente que se move, que evolui, que pensa e sente,
com um cérebro maior, trazendo dentro de si bilhões de estrelas-
células controladas por ela, e zilhões de planetas-moléculas e
consciências-átomos, no infinito milagre da vida que eu sou, e que eu
criei.
EU SOU o criador! E com ele estou uno!

A linha de tempo começa ficar mais normal.
A Via Láctea já é reconhecível tanto pela mente, quanto pelo coração.
O Lázaro lá embaixo, minha partícula, meu atman, pegando carona do
Brahman que eu sou, reconhece como sendo a sua casa, e fixa o "olhar"
em um bracinho externo daquelas espirais.
Imediatamente, continuamos nos deslocando na direção da mesma, em uma
velocidade alucinante.
A galáxia cresce, ocupa toda a tela mental, vejo nuvens, nebulosas,
não sei classificar, estrelas...
Regiões mais esbranquiçãdas são atravessadas, como se nosso avião
houvesse entrando na "atmosfera" da galáxia, e penetrasse em sua
camada "de nuvens" antes de vislumbrar o solo embaixo...
Cada vem com maior zoom, atravessamos as "nuvens" da galáxia, e já
podemos ver alguns sóis, estrelas... E em raros casos, planetas.
É como se o avião penetrasse as nuvens para pousar, e embaixo visse
as luzes da cidade à noite...
Penetramos naquelas camadas brancas, e logo que a vista volta a se
clarear, que a névoa passa, vejo EM COMPLETO ÊXTASE surgirem sóis e
planetas, asterórides, como criança que vê a terra segura embaixo,
maravilhada com o tamanho da cidade e suas luzes... E se sente em
casa...
Um sol conhecido se aproxima, na aterrissagem... Um planeta azul com
um satélite do lado... O zoom não para de aumentar, estou cada vez
mais perto...
Estou voltando para casa.

Repetem-se as sensações de aproximação e névoas, só que agora é a
atmosfera da própria Terra.
E a cidade embaixo não são milhares de sóis e planetas, mas São
Paulo, mesmo... E suas luzes.
Impossível não notar que é tudo a mesma coisa, vida dentro de vida,
células vivas dentro de seres vivos, humanos divinos dentro de deuses
divinos, na composição do único espírito que existe:
O UM, Brahman.
Deus.
Somos todos um só.

Aterriso na Terra, e o que vejo é uma imagem de mulher. Belíssima.
Semi-nua.
Fico pensando se seria alguma sugestão sexual, algum assédio,
interferindo.
Mas não... Vejo a imagem bela, de certo modo sim, desejável, mas com
olhos de quem sabe que ali reside o divino, o universo...
E desejo e adoração, profano e sagrado, são todos uma só coisa.
Vejo uma mulher bela no fim desta viagem, uma mulher da Terra, de
olhar cativante, corpo sensual, semi-nua, mas nesta mulher bela vejo
a Deusa, a Mãe Divina...
Meus olhos são completamente diferentes.
Sei que a Deusa está nesta mulher, e ela na Deusa.
Sei que tudo são aspectos do universo, e que a perfeição da estrutura
universal é a mesma que une os átomos em volta de seus núcleos. Deus
está em tudo, com o mesmo esmero, sem distinguir o grande e o
pequeno, o criador e a criatura. Somos todos UM.

Os olhos descem pelo corpo da mulher semi-nua, e o que ocultava seu
sexo cai.
É agora uma mulher nua, vejo a vagina, a yoni, não sei porque, mas
meus olhos são os de quem contempla uma FONTE DE VIDA, uma FONTE DE
CRIAÇÃO de uma Deusa. E tenho certeza de que a Deusa está nela, É ela.
Impossível descrever a forma de olhar aquela mulher.
Não é desejo, não é sexual, é... divino!
Mas quando dizemos divino, parece religioso, parece que não
olhariamos como mulher... Mas não é o caso.
Ela continua sendo uma mulher belíssima, desejável, e AO MESMO TEMPO
divina. E não há limite algum entre isso, entre sagrado e profano,
entre yoga e tantra, entre repouso e movimento, entre o sexo como
prazer e o sexo como momento da criação, do mesmo modo que não há
limite entre ondas e oceanos, nem entre a a criatura e a Deusa que
reside nela.

Vindo do universo até a mulher, a tela mental se fixa em sua vulva,
sua yoni, e ato contínuo, a consciência penetra ali, rumo ao útero...
Como quem se funde ao feminino, à Mãe Divina.
E o útero parece um novo universo...
E as cenas são parecidas!!!
É a mesma criação!!!
Tecidos, pontos de luz, aura e prana que fazem a função de estrelas
na escuridão, sempre em zoom cada vez maior, células...
Novamente a mesma estrutura de um núcleo com coisas gravitando em
volta! E tudo vivo!
A célula tão viva quanto a galáxia ou quanto a mulher.
É TUDO A MESMA COISA. É TUDO DEUS !!! TODOS SÂO DEUSES.
ENTÃO, SOMOS TODOS UM SÓ !!!

Moléculas. Átomos...
Bilhões de átomos no escuro. Energizados. Agrupamentos deles.
É como se eu voltasse ao ponto de vista universal, vendo as galáxias
distantes... Mas agora são átomos!!!
O micro-cosmo está no macro-cosmo, e do infinito ao infinito, é
sempre a mesma estrutura, e a mesma centelha divina de Brahman...
Conheço a frase de Hermes de Trimegisto na Táboa de Esmeraldas do
Antigo Egito, "o que está em cima é o que está embaixo, no milagre de
uma só coisa".
Porém, percorrer o caminho é muito melhor do que apenas conhece-lo!
Nada como ver, sentir, vivenciar, permitir que o coração SINTA aquilo
que a mente apenas CONHECIA.

Tudo se repete, mergulho em direção a um átomo que cresce, elétrons
girando em volta, núcleo...

E sei que no meio disto tudo está o atman, a consciência. O que
teimamos em chamar de EU, mas que é o Deus do átomo, e o átomo de
Deus.
A mulher, a mãe divina presente na fêmea humana que vi.
Yoni como portal.
Hora de aterrisar no corpo.

Fico ainda em êxtase por mais alguns minutos.
O Wagner sempre nos pede para dizermos o que sentimos, ao terminarmos
uma prática. Mas COMO ???
Novamente, não consigo falar para o grupo de pessoas próximas "o que
senti".
O que vou dizer? Que senti um calorizinho aqui, vi uma bolinha acolá?
Não dá... Ainda mais naquele estado.



Mas não acabou...

Terceiro Ato - Yoni e Losângulos

Conversamos sobre a experiência. Relaxamos.
Wagner dá mais algumas dicas sobre "ELA", sobre a belíssima morena
astral, que trabalha quase anônima, e que não sai de minha mente.
Fala que ela é o refúgio na tempestade. E eu sei que, mais que isso,
mais quem um espírito trabalhador, ela é também a mulher, a fêmea - e
não é por acaso que seja tão bela - e é também a deusa, a mãe divina.
Assim como todas mulheres do universo também o são.

O Wagner não sabe de minha expansão, nem eu tenho como saber do que
ele planeja a seguir.
Wagner começa a fazer materializações, condensando ectoplasma em
volta de seu rosto, no escuro.
Após algumas materializações, visualizações na penumbra, noto que
vários amparadores usaram a máscara de ectoplasma fornecida para
deixarem os não clarividentes verem seus rostos...
Todos vêem um barbudo, pele morena, possivelmente Vyasa...
Todos vêem também um rapaz mais novo, possivelmente SukhaDeva, filho
de Vyasa, também citado nos mantras de sarana. Velhos amigos do
Wagner, de outras vidas...
E mais hindús, chineses...
Menos ela!!!
Ninguém a capta!!!
Mas o Wagner a viu... E eu a vi. Sei que "ela" está ali.
Anônima. Bela. Amorosa.
Ao mesmo tempo mulher, espírito, ego. E ao mesmo tempo mãe divina.
O ponto certo entre uma e outra, para nos lembrar de nossa REAL
natureza.

Não tem jeito. Eu a capto pelo frontal, pela sintonia.
Mas ela, sempre anônima, não chega ali em perispírito, não coloca o
rosto na máscara de ectoplasma doada para se fazer visível.
Ah, como eu queria.
Mas só vou vê-la pelos olhos... do coração!

Mas...
Ela, sempre presente, sugere um exercício novo ao Wagner. Que tem "a
cara" dela: Mulher e deusa!
Ele nos pede para visualizarmos um losângulo em cada mão. E outro
losângulo maior, bem em nossa frente.
Se pudermos, também losângulos nos chakras, no coração - mas o
importante mesmo são os três, nas mãos, e em nossa frente.
Dentro de cada losângulo, uma yoni.
Yoni em sânscrito é literalmente o órgão sexual feminino,
representado por um círculo, ou pedras furadas que tenham a aparência
de rosquinhas, ou qualquer coisa em formato fálico receptivo.
Representam, nos altares, a própria essência YIN da criação, o lado
DEUSA da divindade, os atributos femininos. E, em última análise, a
vagina da própria mãe divina, através da qual a criação é feita -
assim como o lingam, aquela pedra cônica, fálica, com três risquinhos
(símbolo de Shiva) presente nos altares e em imagens de Shiva,
representa Shiva, a força masculina, a iniciativa que anima o
receptivo, o aspecto YANG de Deus.

O Wagner não tem como saber que minha expansão anterior focava a Yoni
daquela belíssima mulher, ao mesmo tempo fêmea e Deusa, e ali
penetrava em consciência, como quem mergulha na própria força
criadora da mulher, da mãe divina que reside em todas.
Mas estamos na sintonia! Mesmo sem palavras.

Mas o que ele pede é que, no final, enxerguemos no grande losângulo e
yoni à nossa frente um portal interdimensional, uma passagem.
Ele não diz mais nada - mas não precisa.

Sei que nascer é sair do útero em direção a um túnel, atravessar a
yoni da mãe, ver a luz no fim da escuridão, romper o cordão umbilical
e vivenciar plenamente o mundo material.
E que "morrer" nada mais é do que sair do útero do mundo em direção a
um túnel de luz que todos relatam, como se atravessassemos a própria
yoni da mãe divina, vermos a luz espritual dos planos sutis no fim da
escuridão das formas mentais mais densas, romper o cordão de prata e
vivenciar plenamente o espírito.

São dois partos, e toda mulher é deusa, e toda deusa é mulher e mãe.

Terra e cosmos são úteros divinos. Tudo são partos, e chegar e partir
são, como diria a música, só dois lados da mesma viagem.

É síncrono com tudo que eu vivia antes, mesmo sem saber do exercício.

E o exercício é "dela", que eu via em corpo e espírito, linda,
deslumbrante, nua, mulher e deusa, na prática anterior.
Uau, sintonia total.

Faço a prática.
Em minha frente, uma antiga amiga de outras vidas, com quem pouco
falei nesta vida, mas desde que a vi pela primeira vez, na época
namorada pouco conhecida de um então amigo. Já tive vislumbres do
tanto que a conhecia, há tempos imemoriais, do tanto que aquele olhar
me transmitia, do tanto que parece que a conheço, profundamente,
irmã, mulher, não importa o rótulo...
Mas, em suma, uma pessoa com quem tenho, mesmo sem precisar expressar
isso em palavras para não parecer uma "cantada esotérica" do tipo "te
vi em outra vida", total sintonia.
Grande acoplamento aúrico, que não sei definir, nem preciso.
O olhar já diz.
E os tempos se vão, o amigo que era namorado dela se perde no tempo,
ele passa, mas ela, a amiga de outros tempos, não...
Por uma "incrivel coincidência", de todas as dezenas que já estiveram
com ele, é ela e apenas ela que foi levada ao IPPB, e que se
identificou, e que está lá até hoje... Wagner e Thais mesmo
comentavam comigo, mais tarde, no carro:
"Como são as coisas, ele se foi, e ela ficou"...
Sim, eu sei, "como são as coisas". Dou gargalhadas por dentro.
É inacreditável a força que as coisas PARECEM ter quando PRECISAM
acontecer.

Vejo a yoni no losângulo.
Vejo ELA, a yoguini anônima.
E vejo, também, a minha amiga.

E de repente, são três em uma: A Mãe Divina... a espírito
anõnima do ELA Sarana... e minha amiga, que tenho a sensação de
conhecer com a intimidade de uma irmã ou de uma mulher, com quem eu
tenha convivido por anos e anos...

Três aspectos do mesmo ser.
E três mulheres com quem, mesmo tendo pouco contato no físico, eu
tenho total naturalidade. Coisa de sintonia, não hã como explicar. E
nem precisa.
Elas se fundem, no mental, no astral e no físico, são todas mãe
divina. E sei que são todas uma só.

O yoni no losângulo se torna mais delineado. Aos poucos, deixa de
lembrar um órgão físico sexual. Parece mais um túnel de luz. É o yoni
da deusa, é o yoni do ser espiritual que inspirou o exercício, é o
yoni de minha amiga - é o yoni da DEUSA que reside em TODAS AS
MULHERES, mães divinas, deste mundo.

Compreendo melhor, em fração de segundos, o porque de Ramakrishna
sempre se prostrar na frente de prostitutas, beijando seus pés, em
lágrimas! Como se adorasse a própria imagem da Deusa! E as chamando
por nomes divinos - para total espanto delas e de quem assistisse a
inusitada cena. Ele tinha esta consciência o tempo todo!!! Sabia que
são todas LITERALMENTE a Deusa, são todas mãe e mulher!!!

Atravesso o portal, é claro. E sinto a Terra, atrás, como o útero que
prendia meu espírito.
No fim do túnel, após o parto, vejo o plano astral, sutil.

Atravesso o túnel, sigo a luz. Estou desta vez projetado, o túnel é
enorme, tenho um corpo astral, não é expansão da consciência, não é
mais plano mental.
Ao mesmo tempo que saio da yoni, sinto também que me fundo as três
que via na yoni.
Não sei explicar.
É como se eu entrasse na deusa, na amparadora e na amiga.
É um pouco como antes, na expansão, quando entrei na mulher.
Não sei mais o que é entrar e sair, nem de yonis, nem de corpos
densos ou sutis. A sensação é muito superior a mil orgasmos reunidos -
é a pura essência do prazer, a fusão de almas, de deuses, de todo,
não a metáfora do sexo físico, mas sim a união e geração de vida que
ele propricia e representa. A essência, e não a forma.

Não há mais o entrar, nem o sair. O que era útero torna-se o lado
externo, e o que era externo torna-se útero.

A vida continua, tudo é geração, tudo é shakti, tudo é deusa.
Compreendo melhor quando Ramakrishna dizia que jñana e bhakti,
conhecimento e devoção, não são caminhos diferentes, mas sim A MESMA
COISA.
Há momentos em que não faz sentido se fundir com o açucar, nem ser o
açúcar que vc criou, nem descrever quimicamente o açúcar, nem
compreendê-lo.
Ele só terá função se você puder, em algum momento, apenas se
permitir sentir o sabor de sua doçura.
CONHECER o caminho não é o mesmo que PERCORRER o caminho!
É preciso sentir o sabor do açúcar!
E só faz sentido a deusa, a mãe divina, se ela puder ser um dia
vivenciada, amada, adorada, como mulher.
Me lembro dos princípios tântricos. A mulher ser a deusa, adorada,
por cima. Mas ao mesmo tempo compreender que sem o adorador, não faz
sentido ser deusa. E ambos se fundirem. Orgasmos e açúcares!!! É
preciso vivenciar!
E isto explica o porquê de apesarmos de sermos DEUSES, estarmos aqui.
Sim, o que a mente não capta, em um samadhi fica claro!!!
De que adiantaria criar todo um universo, se não pudessemos habitar
um dia um atman, e encontrá-lo nos olhos de alguém, tanto criatura
quanto criador?
O que adiantaria criar o sol e ser o sol, se não pudessemos jamais
estar menores, numa praia, para vê-lo nascer espantando as trevas,
com toda sua luz e vigor?

O sentido de toda a vida e criação está em sentir o sabor do açúcar!

Atravesso o yoni portal, e de repente, inúmeros rostos de mulher se
apresentam em minha frente.
A maioria, casos extremos:
Imagens de santas. E de putas.
Prostitutas ricamente adornadas, santas em trajes indianos ou
católicos.
No meio delas, algumas mulheres normais, executivas, donas de casa.

E eu vejo a mãe divina em cada uma delas.

Sei que elas SÃO a Deusa, e que cada uma delas deveria ser adorada
como tal. Como mulher e como Deusa. Como força geradora de vida.
São todas elas O AMOR QUE GERA A VIDA.
Literal e metaforicamente.

Volto ao corpo, nesta certeza. Sento. Abro os olhos.
Vejo à minha frente a minha amiga de costas, me sinto um pouco
envergonhado pela invasão não intencional mas também incontrolãvel -
mas apenas por milésimos de segundos.
Me pergunto novamente de onde raios a conheço, porque esta sensação
de ser tão conhecido, tão próximo... Se do passado ou do futuro.
A mente tenta interferir, pedir os porques, os quando, as suas
lógicas e razões... Mas não dá tempo de pensar muito.
Uma porque não é para ser pensado, e sim sentido.
È familiar, eu a conheço, e pronto, é tudo que precisa ser.
E outra porque, ato contínuo, aqueles dois grandes olhos aquarianos
que literalmente me paralisam (com os mil "porques" e "de onde mesmo
que ela era" que a mente faz sempre que a antiga conehcida me olha),
já se viraram de costas, em minha direção, e me perguntam, sorrindo,
o que eu senti.
Relato as projeções e expansões, mas creio que eu tenha falado mais
com o olhar do que com as palavras.
Conto tudo, ou quase tudo - omito, claro, a participação involuntária
dela na fusão com o divino.
(Ela lerá pela lista, depois)
Não nos falamos tanto assim nesta vida. E nem precisa.
Mais importante do que relatar é estar na sintonia, e ela se vira,
quer meu relato, inconscientemente ela sabe, é tudo que precisa ser...

Relato a fusão das mães divinas. Das mulheres santas e putas sendo
uma só. O Wagner começa a explicar algo, mas nem damos ouvidos.
Estou longe, estou em outra vida do passado ou do futuro, olhando
para aquela amiga íntima que é quase uma desconhecida.
Mulher ou irmã, não faço idéia - e se faço, não importa o passado,
importa a afinidade presente, real.
Ela compreende, sente - o que ela não disse com as palavras, os olhos
contaram. E eles brilham, como brilhavam em outras vidas.

Perdi parte das explicações, mas por uma boa causa.

Mas... Quem disse que acabou?

Ato 4 - Pegando carona em casa.

Omito vários detalhes, outras práticas, conversas com o Wagner no
carro (que me confirma a amparadora que eu vi, ou melhor, eu digo
quem vi, e ele fala que sim), que me fala também da antiga amiga (de
tantas pessoas lá, ele também entra na sintonia justo dela), etc...
O Wagner fala, de graça, sem saber, de intuições em relação a mim e a
minha amiga... Sim, Wagner, eu sei. Eu estava na sintonia.
Omito detalhes do jantar, das conversas.
As cortinas se abrem já em meu quarto.
Música indiana rolando (Bakthi, de Lian Chester - Sri Krishna
Chaytania).
Olho para a imagem de Maat, Hathor e Hórus na parede, iluminada pela
luz azul do abajour.
Acendo um impagável incenso "Sai Flora".
Me pergunto quantos do curso vão estar querendo pegar carona nas
energias, e vão se deitar na mesma frequência do que aprenderam.
Relaxo, não faço nada. Só tomo banho e vou pra cama, direto, para não
perder a sintonia. Nada de micro, TV ou livros.
Fico me lembrando do IPPB, da amparadora, da amiga, da mãe divina.
Viajo com a música.
Sinto o aroma suave e marcante, incomparável, do Sai Flora azul (o
segundo melhor incenso do mundo, só perde para seu irmão vermelho,
que é também grosso e de massala, mas é forte demais para se queimar
em um quarto).
O som da cítara leva minha mente para estados alterados.
Faço novamente o exercício da yoni nas mãos.
Penso na mãe divina.

Apago, após uma hora de práticas e estados alterados e hipnagogias.
Imagens mil, conscientes, daquelas que sei que vi, contemplei, amei,
mas não me preocupo em reter.
Aliás, minha felicidade projetiva aumentou MUITO desde que não
coloquei mais como prioridade analisar, relembrar ou anotar, mas sim
VIVENCIAR, sentir.
Me coloco receptivo, e sou muito feliz com as imagens.

Mas sei, por intuição, que hoje é dia de projeção lúcida.
Isto vai continuar.



E continuou...
Quase hora de acordar, vejo o amigo Wagner, fora do corpo.

Sempre desconfio de projeções onde vejo o Wagner. Afinal, ele
dificilmente dorme antes das 3 da manhã.
Vàrias vezes, só se deita às 6. E como o temos como referência, é
compreensível que a mente minha (e de muitos) fabriquem sonhos usando
sua aparência - sem saber que no horário dos relatos, muitas vezes
ele nem foi se deitar ainda... :-)

Me lembro disso, e, fora do corpo, resolvo tentar saber que horas são
no físico, ver o relógio do quarto, ou olhar para a claridade lá
fora. É de manhãzinha, o dia está nascendo ou nasceu há pouco. É
possível sim que seja o Wagner. Já deu tempo dele, enfim, ir se
deitar. Mas não importa.

Ele fala intimamente de Ramakrishna, de outros tempos, de nossos
amigos antigos reencarnados, em tom próximo.
Como diria Richard Bach, pode o tempo e a distância separar aqueles
que realmente são amigos? Se você quer estar com quem ama, já não
está com este alguém?
O tempo não separa.
Nos reencontraremos, todos, por amor e sintonia - nem que seja mais
perto do Tietê do que do Ganges!
Na projeção, há outras pessoas no recinto. Mas ele se dirige a mim.

Não gosto muito de ficar me lembrando de vidas passadas. Já descobri
que muitas vezes, ao nos lembrarmos, perdemos uma oportunidade de
resgate, pois há determinadas provas que só são completadas com êxito
se você não souber de determinadas coisas.
Sabendo, você faria o correto só por ser certo, por já ter errado,
por moralismo ou algo do gênero - e não teria o mesmo valor de fazer
por impulso consciente, interno, espontâneo.
É como um aluno que olhe a prova final antes, e saiba o porquê de
cada pergunta, com o professor sabendo disso. Sua prova não terá
valor. E ele perderá a oportunidade do exame final, terá que esperar
uma NOVA prova se quiser realmente ser avaliado...
E sei também que podemos acessar vidas de quem nosso corpo astral não
foi, com mais intensidade do que daquele que fomos. Sou Crowley, sou
um discípulo de RamaKrishna, sou seu professor chato de vedanta, sou
Nietzche, e ao mesmo tempo sou um mané, um agricultor de Vila Rica,
um escravo africano - como poderia ser todos ao mesmo tempo?
Entretanto, isto é possível... E tempo nem existe para a consciência.
Somos todos um só! O que adianta saber quem eu fui?
Prefiro saber quem eu SOU, e fazer-me melhor naquele que eu serei!

Portanto, não dou muito valor, quando o Wagner me fala de nossas
outras vidas.
Fosse no corpo, eu estaria interessadíssimo, a mente, curiosa,
tomaria o lugar, iria querer detalhes.
Mas fora do corpo, mais essência, não me prendo muito aos nomes e
fatos, prefiro as emoções, saudades, lembranças - o sentimento, e não
a razão. É o que eu sou.
Mas claro, ao acordar, minha mente vai reclamar com o coração por não
ter prestado tanta atenção.

O Wagner cita um nome inglês, de um americano amigo dos tempos de
EUA, e revela que é outro amigo encarnado. E este amigo está perto de
nós na projeção.
Sonho ou projeção? Como Wagner, nunca se sabe...
Aí o Wagner sacaneia o cara...
Diz que nem precisa de retrocognição pra saber que o (nome
brasileiro) é o (nome americano e sobrenome), é só olhar para a
lancha nos pés do cara, e dá risadas...
Fazendo alusão ao tamanho dos pés dos americanos grandalhões, algo
completamente anormal para os padrões hindus.
E nosso amigo encarnado também usa uma baita de uma lancha...
Todo mundo dá risadas. Nada como ver que fora do corpo, o bom humor e
a sacanagem continuam. Dá para ter certeza que a morte não mudará
ninguém. O que nos traz a responsabilidade de sermos espíritos de luz
AGORA, já antes de descascarmos, pq a morte não nos transformará
naquilo que não carregarmos no coração!

Penso: Bem, se tá sacaneando os outros, é o Wagner mesmo, isto aqui é
projeção, risos... Afinal, antes ele já havia me sacaneado pacas,
contando coisas de Índia e outras vidas...
No corpo ou fora do corpo, sempre o mesmo sacana, falando de
espiritualidade, piadas, Índia, Brasil, oriente, ocidente, e não
deixando nenhuma bola quicando na área sem chutar para o gol - na
menor deixa, você será sacaneado. É o Wagner.
Estou projetado, definitivamente! (risos)

Imagens oniricas começam a se misturar...
De repente, o sapato do amigo fica gigantesco, como o de um palhaço.
Percebo que é onirismo, e em um rasgo de discernimento, noto que se
AGORA é onirismo, se notei a alteração no passar do tempo, na lucidez
e na realidade, é porque é diferente de ANTES, e antes não era sonho
onírico, e sim projeção.

(Depois o Wagner me confirmou, no físico)

Mas as imagens oníricas aumentam...
Volto ao corpo. Hipnopompia, mais conhecido como cochilo do
amanhecer, o cochilo da volta, o estado alterado altamente propício
para saídas, que temos ao acordar, corpo descansado, mente quieta,
temperatura agradável, e cérebro no máximo em ondas alpha.

Noto que o dia realmente já nasceu. Mas, em estado alterado, mais do
que raios de sol, vejo flocos de prana invadindo as janelas do
quarto. Impossível não saudar o sol como se fosse um ser vivo. Um
neném divino no céu, beijando nossas faces.
Sei que ainda é muito cedo para ir trabalhar. Continuo no cochilo.

De repente, fora do corpo, sem nenhum cenário específico, mas
inteiramente lúcido, vem uma sensação que conheço, e não tenho há
quase um ano.
Uma sensação que achei que as defesas resultantes das quedas dos
últimos vôos tivessem me roubado de vez:
A sensação de estar apaixonado MESMO, de VERDADE, de corpo e alma,
amando tremendamente uma mulher, e estar na iminência de encontrá-la.
Coração acelerando, amor explodindo, quase como criança, e ao mesmo
tempo adulto.
Caminho entre névoas, como quem vai em direção da mulher amada, para
reencontrá-la.
E de repente, fora do corpo, o para-coração se acelera...
Os olhos lacrimejam de felicidade, são faróis de luz, como só quem
amou ou foi amado DE VERDADE sabe como é.
E o nome da mãe divina vem cada vez mais forte em minha mente.
Lakshimi!!! Lakshimi!!! Lakshimi!!!
Estou indo ao seu encontro, e ela não é uma deusa, não é distante.
Ela é uma mulher que amo, e é ao mesmo tempo minha mãe, minha filha,
minha mulher, minha consorte, minha companheira eterna, minha alma-
gêmea, minha fêmea...

Todas as formas de amor possíveis e imaginãveis se manifestam.
Luto para não me deixar levar pela euforia, para manter as sensações
no nível dos sentimentos, e não das emoções.
Caso contrário, sei que acelerariam meus batimentos, o metabolismo
subiria, e eu voltaria ao corpo.
Transformo emoções em sentimentos, o que é MUITO diferente, para
poder manter a projeção.

Sei que vou ver a mãe divina!!!
E sei que ela representa TODAS as formas de se amar uma mulher, um
aspecto yoni e yin da criação - desde os mais sexuais até os mais
divinos, desde os mais amigos e próximos até os mais universais.
Sinto o amor de minha mãe física, e ao mesmo tempo, o amor de uma
fêmea que me deseja, e o amor de uma amada romântica que enfrenta
céus e terras apenas para um abraço, um beijo suave e permanecer em
silêncio no colo de seu amado...
Impossível descrever o que é unir, sem contradição alguma, todas as
formas de amor...
E mais do que um corpo astral, o que sinto me invadir é uma presença
de luz, enquanto para-lágrimas rolam por minhas para-faces, sem
emotividade, mas expressando o mais puro sentimento...
Amor que acalma, que não desequilibra, que é tesão e espiritualidade
sem contudo ser apego. Que faz o chakra cardíaco pulsar forte, e NÃO
o coração físico. Que não dá frio na barriga, por não ser emoção do
manipura, mas sim LUZ no anahata!!!
Puro sentimento, equilibrado, e ao mesmo tempo forte, intenso, feliz!
Ah...
O amor que gera a vida!!! E que gera vidas!!!

Ela é uma presença de luz que me envolve, e é impossível descrever o
neti-neti das sensações. Isto não, isto não. Não é isto, não é
aquilo. Not this. Neti neti. Indescritível.

O mais marcante da sensação é sentir que ELA TAMBÉM MANIFESTA O MESMO
SENTIMENTO!!!
Ah, maravilha das maravilhas, ela não é uma deusa distante. Ela não
está em um altar.
Ela, a mãe divina, a grande mãe, a deusa, a Lakshimi, é também a
minha mulher, é minha mãe, é a fêmea que deseja ardentemente por mim
tanto quanto eu por ela, é a mãe que está próxima do filho, lhe dando
colo...
Não há a distância entre adorador e adorado.
Náo é isto. É igual. É mesmo nível de prazer e emoção. Ela está tão
ou mais feliz com este encontro do que eu, ela também demonstra o
mesmo tesão, carinho, contentamento. É igual, e isto é o que mais me
marca.

E do mesmo modo que quando vc ama muito e é correspondido pela mulher
que é quase uma deusa para vc, e com isto vc mal acredita que pode
dar prazer e sentimento àquela que vc tanto quer, e com isso se
energiza mais, e portanto dá mais prazer para ela, que reflete isto
nos olhos, o que te alimenta novamente e lhe dá mais energia, que dá
mais e mais prazer a ela, até o infinito... Até ambos explodirem, sem
poder ficar no corpo...
A mesma sensação quase tântrica me ocorre na presença da Deusa. Eu
mal acreditava no que estava sentindo. COmpletamente apaixonado pela
mãe divina, sendo filho e homem, como quem reencontra o amor da vida,
das vidas... Meio que agradecendo pela oportunidade... Como se ela
fosse maior, e eu menor... Como se ela me concedesse esta benção...
E de repente descubro que o tesão e amor dela não é menor... Que eu,
justo eu, logo eu, lhe propicio a mesma sensação... Que o amor
dela "depende" (no bom sentido) de mim tanto quanto o meu dela - caso
contrário, não seria troca, não seria amor...
E que ela exulta com eu lhe dar a oportunidade deste encontro, com o
fato de eu ter crescido e batalhado para encontrá-la, como fêmea que
se enche de amor e orgulho pelo namorado ter feito pequenos
milagrinhos e provinhas para poder expressar seu grande amor por
ela...
A repercurssão é imediata em mim, que já estava em êxtase pelo
simples contato - imagina o que não ocorre com minha auto-estima, com
meu ego (no bom sentido), com o meu lado YANG, homem, ativo, Shiva,
ao me sentir tão desejado quanto a desejo... Vai as nuvens, e isto me
coloca em estado mais elevado, que da a ela maior amor e satisfação,
que me realimenta, etc, etc, etc, em ciclo vicioso, total êxtase.
Sem formas, sem nada de toques, sexualidade - muito além disso.
Mas ainda assim, um amor homem e mulher, elevado à milésima potência.
Sou Shiva, e ela Shakti. Sou o Deus. Estou em tudo. Sou Brahman. E
ela é por direito e sintonia a minha consorte eterna, e é também
Brahman.

A consciência vem e vai, típica da hipnopompia. Meio que acordo, mas
não quero, volto e continuo, e cada novo cochilo é um novo
reencontro, com todo o prazer do reencontro de amados
temporariamente "afastados" na manifestação, mas não no coração.

Namorada. Mãe. Mulher. Fêmea. No terceiro ou quarto reencontro, eu a
quero personificada. Quero o amor que gera a vida em uma forma
manifestada da Deusa. Compreendo novamente Ramakrishna, ao dizer que
é necessário sentir o sabor doce do açúcar, e não apenas se fundir a
ele.
E eu, que tanto já critiquei aqueles que apenas devocionavam deuses e
deusas, quero, preciso, necessito - como quem está sem ar - que a
Deusa se materialize, para por um momento eu contemplar a minha
criadora - e minha criatura. Sou Deus, e ela é Deusa. Mas a quero por
um momento mulher, e eu homem. Por um momento ela no altar, e eu
devoto. E repenso mil vezes às minhas antigas posturas céticas em
relação a bhakti (devocional). Ramakrishna sabia das coisas... Jñana
e bhakti são a mesma coisa, e a Deusa está em tudo. Conhecimento leva
a devoção, e a devoção leva ao conhecimento. Religião leva à ciência,
e a ciência leva à religião. Aprofundar na busca do homem nos leva ao
divino, e aprofundar na busca de Deus nos leva ao cerne do homem...
Os caminhos se encontram - e ao se encontrarem, lá está a mãe divina,
na encruzilhada. Ela sempre está em tudo.
Shiva e Yang geram, são o impulso ativo da criação, mas é no útero
receptivo da mulher, da deusa, da fêmea, que a atividade manifestada
do criador toma forma. E por isso ela está em tudo e todos.

A figura de Lakshimi, divina, estonteante, começa a se materializar
na minha frente - com suas vestes deslumbrantes, a deusa da
abundância, da beleza, da riqueza, a Vênus hindu, consorte de Vishnu,
vai tomando forma. A mais bela e mais mulher, a mais próxima das
deusas hindus. Com suas moedas e flores, resplandescente, sem falsos
pudores ou falsas modéstias por se fazer, se sentir e se gostar
tremendamente BELA, próspera, mulher e abundante!!!
Ela, mais que qualquer outro aspecto divino, sabe que somos
manifestações de um Deus perfeito, belo e abundante - e portanto, não
tem o menor problema em ser desconcertantemente bela e rica, divina
que é!!!

Olho os pés de Lakshimi. Minha mulher. Minha mãe. Minha fêmea. Minha
deusa. O sentimento ainda é o mesmo do antes sem forma - ela me quer
tanto quanto eu a quero. Ela exulta, como quem vê o herói e amado
desafiar provas, vencer os umbrais, matar dragões, largar
intrepidamente seu corpo denso pesadíssimo, para vir a seu encontro.
Não encaro seus olhos, mas sei que ela me olha como quem teve a sua
feminilidade destacada e valorizada, como quem sente prazer em se
sentir desejada ardentemente, como quem tem orgulho de seu homem, de
seu filho.

As moedas caem aos seus pés, sem parar. A sensação de tempo é muito
real, é projeção, é a Deusa se manifestando. Subo, vejo suas vestes
vermelhas, magenta, sei lá - impossível descrever as cores de lá com
os reduzidissimos conceitos do limitado espectro eletromagnético que
o ser humano encarnado enxerga. Mas são roupas vivas, belas,
brilhantes. Como sõ uma deusa e uma cortesã usariam. COmo apenas a
deusa da beleza, da feminilidade usaria.

Meus para-olhos vão subindo aos poucos, sem pressa. Ela tem
exatamente a minha altura, é exatamente como eu, fundida a mim... Mas
ao mesmo tempo parece ter metros e metros de altura... É como se eu
necessitasse de horas para percorrer cada centímetro de seu corpo.
E ali está ela, com quatro braços, tocando os quatro elementos...
Irradiando luz, só para mim, feliz comigo, me amando e sendo amada...
Sendo cortejada, admirada, amada, e amando...

COntinuo subindo os olhos. Temo encarar seu rosto. Na altura dos
seios perfeitos, me lembro do safanão que levei do cordão de prata
quanto tentei fitar os olhos de Francisco de Assis, certa feita. O
brilho era tão grande que não suportei.
Tento enxergá-la pela visão periférica, não encarar diretamente os
possíveis faróis que ela tivesse no olhar... Despistar... COntrolar a
emoção...
Após segundos que pareceram horas, começo a chegar na linha do
pescoço... Para encarar seu rosto...
Mas...
QUe rosto???????????

Acima da linha do vestido, do pescoço, o rosto me é completamente
invisível!!! Nada. É translúcido. Vejo o que há atrás dela, mas não a
Ela... Tento ajustar a para-clarividência, tento elevar minha
sintonia para ver se capto algo que esteja mais sutil que meu corpo
astral, mas... nada!!! Nenhum rosto visível.

E então, ela me diz algo que minha mente jamais poderia ter criado,
devido a ser sucinto demais, e fazer alusões a trocadilhos sânscrito
com palavras que até então eu nem conhecia:

"Não tenho um rosto porque estou em todos. Sou todas e sou nenhuma.
Em tudo de lá que se move. Em tudo de cá que se vive."

As palavras são essas, mas as idéias que vem na telepatia são muito
mais que isso. Me lembro na mesma hora de todas as expansões da noite
anterior. Do universo, da mulher em tudo, da Yoni, da amiga de olhos
brilhantes, da Deusa, do útero, da amparadora, das práticas com o
losângulo, de Ramakrishna dizendo para seu antigo mestre em vedanta
que ele não notava que a deusa era também o próprio brahman, e
portanto, não havia como separar a adoração do Todo... Pois neste
Brahman que o Vedanta enxerga em tudo, está sempre a força divina
criadora, yoni, útero, a que criou... Em tudo está a Grande Mãe
Divina. Ela está ao nosso lado, e ouso dizer por comparação sexual e
de gestação que está para priviti (matéria, manifestação) assim como
Brahman está para o akash...
A iniciativa de um lingam, ativo, penetrante, só toma forma e se
transforma em vida no útero receptivo por detrás da passividade de
uma yoni. Côncavo e convexo, Princípio absoluto e sua manifestação,
Deus e Deusa, Vishnu e Parvati, Brahma e Sarasvati, Shiva e Parvati,
Yin e Yang, Claro e Escuro, tudo é dual - até mesmo o UNO sem um
segundo!!!

Para-expansão da consciência, é claro!!!
Volto ao astral, e ali está ela, emanando amor, me adorando e se
permitindo ser adorada, ainda sem rosto.

E ela me pede para transmitir estas palavras literalmente, por serem
apropriadas para a nossa língua (português), por brincar com as
palavras. Me pergunta se não vou me esquecer - mas não com palavras.
Então vejo na sua frente uma folha de ouro escuro, onde são gravadas
estas palavras em letras de outro resplandescente como o prana.

"Não tenho um rosto porque estou em todos. Sou todas e sou nenhuma.
Em tudo de lá que se move. Em tudo de cá que se vive."

Ela deixa as palavras, na forma escrita, em minha frente - talvez
para reforçar minha memória. Eu compreendo. Ela é a santa e a puta.
Ela é a minha mãe, ela estava no grande amor que eu "perdi", ela está
em quem eu amarei no futuro.
Ao amar uma mulher, mais do que amando o atman, a consciência da
pessoa que também é livre, compreendo que na amada eu já amava a
deusa que residia dentro dela... E que portanto não se justifica
apego quando as pessoas se vão, pois são todos deuses, e amor não se
perde nunca.
O amor se funde na própria deusa que o representa, e ele estará
presente em novos rostos e consciências, com a mesma devoção e
entrega... Pois ele é a própria divindade que anima cada toque, cada
gozo, cada entrega, cada palavra romântica, cada verdade - ou
mentirinha - de amor sincero e evolutivo.

A deusa se "vai". Mas eu, como apaixonado, não quero que ela vá. Não
quero dizer nem adeus, nem até logo. QUero estar com a amada. Quero
este coração batendo, esta sensaç~]ao que é mais de homem-mulher do
que de adorador-adorado. Quero minha namorada divina. Quero ela
manifestada em uma mulher da Terra que sirva de companheira, quero
ela manifestada no astral. Quero estar junto. QUero ver seu rosto.
Não quero voltar ao corpo. Quero me fundir em sua presença, e viver
de amor. Quero que seja verdade as lendas anti-projetivas que falam
que vc corre o risco de não voltar ao corpo. Quero ter uma tesoura
para cortar o cordão de prata (risos) e me entregar à presença do
Amor Que Gera A Vida. Quero ao menos ver seu rosto, poxa... Tão bela
nos quadros... Tanta luz no astral... QUero contemplar seus olhos,
antes de voltar ao planeta azul!!!

Insisto muito. Uso de todas as técnicas para não voltar, feito menino
teimoso, que une emoção à mente, esquecendo da realidade e dos
sentimentos.
Então ouço uma voz que me diz: Tudo bem. Quer me ver mesmo? Estou
atrás desta porta. É só você conseguir abrir.

O som do quarto liga, hora de acordar. Os locutores da Nova FM
invadem minha projeção. Eu resisto. O despertador toca ao longe, no
físico. Eu resisto. Preciso abrir esta porta envolta em névoas...
Preciso... Preciiiiiiiiiso... QUero ver o rosto de minha amada
Lakshimi... As forças se vão... A realidade me chama... Eu preciso
abrir...
A porta não tem maçanetas. Preciso abrir com a vontade plástica,
manipular ectoplasma. Ouço a voz doce e sedutora de Lakshimi me
dizendo mais uma vez estar atrás da porta, que é só abrir, que verei
o seu rosto. Isto me dá as forças que faltavam.
Com a força que apenas um apaixonado sabe retirar do reservatório do
amor, venço meu metabolismo, os barulhos, o corpo, o cordão de prata,
uso tudo que já aprendi de projeção na vida, como quem nada contra a
correnteza de um rio de corredeiras, estico o cordão mais e mais, e
abro a porta, enfim, para ver o belo rosto da amada...

E vejo uma senhora idosa, usando o uniforme das faxineiras daqui do
prédio onde eu trabalho!!!!

Vou protestar, mas nem dá tempo... Lá está a faxineira, simples,
nenhuma top model, nenhuma figura viva da libido feminina - mas com
olhos brilhando sim... Me encara por segundos... E depois concentra-
se em seu dharma, e começa a varrer o chão.

Antes de eu poder entender o que todos já entenderam ao ler (mas no
momento real é mais difícil, leva instantes para cair a ficha), a
faxineira se transforma em outra faxineira, mais nova... Em outra,
negra... Em outra, loira tingida quase vulgar, com raizes pretas...
Todas faxineiras... E depois, cada vez mais rápido, no rosto de
outras mulheres, todas do povo... Protitutas, às dezenas, centenas,
milhares. Em todas as mães de filhos sem pai. E nas mães de filhos
com pai também. Milhares de rostos por segundo. Mas primeiro as
faxineiras, as mulheres do povo e as prostitutas.
SIM, Lakshimi, você está certa. Se quero ver sua face, devo encontrá-
la na faxineira, e em todas as mulheres e mães do mundo!!!
Aprendi a lição.
Talvez todos os rostos do mundo tenham passado por ali, mas no final,
eram rostos conhecidos, até mesmo o de minha amiga do curso da noite
passada.

O recado estava dado. Eu encontrei sim, conforme prometido, o rosto
de Lakshimi atrás da porta. Na faxineira que mal cumprimento. E ela é
também a minha amada, a mãe divina dentro de cada mulher.

Apenas segundos, e todos os rostos do mundo passam por ali, uns se
transformando nos outros, como nenhum clipe do Michael Jackson
conseguiria! (risos).

Desnecessário dizer minha cara patética ao buscar Lakshimi e dar de
cara com a faxineira, velha, com verruga, varrendo chão atrás da
porta...
E não preciso dizer que logo após o flash, fui puxado violentamente
de volta para o corpo.

"Não tenho um rosto porque estou em todos. Sou todas e sou nenhuma.
Em tudo de lá que se move. Em tudo de cá que se vive."

As palavras ecoam na minha mente.

Lá Que Se Move. Lá Que Se M... Lakshim... Lákshimi.
Eo o Cá Que Se? Não conheço deusa Càquese. COnheço Kákini, a
divindade representada em um dos chacras. Acho que a deusa errou
alguma coisa... Ou que vou ter que dar uma formatada no texto dela,
para usar algo qeu force o M, para parecer kákini.
Acho que ela errou, ou eu perdi algo.

Bem, hoje é terça
--
Lázaro Freire
lazarofreire@voadores.com.br


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