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>> Colunistas > Lázaro Freire * Artigo completo SONHOS DA ALMA - Significado dos sonhos e suas interpretações (Revista Cristã de Espiritismo) Publicado em: 25 de janeiro de 2009, 23:04:11 - Lido 6650 vez(es) Sonhos da Alma - A linguagem da sabedoria divina Aprenda a interpretar os significados unindo a visão psicológica com a espiritualista na busca do autoconhecimento. Artigo completo para matéria de capa da Revista Cristã de Espiritismo nº 60 Por Lázaro Freire, Psicanalista Espiritualista com abordagem junguiana, winnicottiana e transpessoal (Consultas: 11-9164-9457)
Em todos os tempos e tradições espirituais, os sonhos são relatados como a via direta de conexão com Deus, com o mundo espiritual e com nós mesmos. Enquanto nossa mente consciente repousa, uma intensa vida psíquica e espiritual toma lugar. Várias vertentes da Religião, Psicologia e Filosofia concordam com o fato de que aquilo que conhecemos de nós mesmos e da realidade é apenas a ponta visível de um imenso iceberg, mera fração de uma porção inconsciente (ou subconsciente) muito maior, de onde provém os sonhos e nosso contato com o mundo espiritual. Este inconsciente se revela não só nas neuroses, psicoses e atos falhos estudados por Freud na psicanálise clássica, mas também na expressão artística, nas atividades intuitivas, nas sincronicidades (coincidências significativas) de nosso cotidiano, nos estados de transe, nas estruturas comuns a vários mitos e tradições religiosas (arquétipos), na mediunidade e nas experiências espirituais em geral. E é justamente através deste inconsciente que Deus mais fala conosco, uma vez que nossos contatos com o divino são, em geral, subjetivos, simbólicos e pessoais – como nossos sonhos. Em alguns desses momentos noturnos, nossa alma sai do corpo e encontra outras consciências afins, percebendo com maior ou menor lucidez o mundo espiritual, muitas vezes trazendo a lembrança de conselhos recebidos de consciências em planos mais sutis. Segundo Kardec, “durante o sono, o espírito jamais fica inativo. Ele percorre o espaço e entra em relação mais direta com os outros espíritos. Podemos avaliar a liberdade do espírito pelos sonhos. Quando o corpo repousa, o espírito possui mais faculdades que no estado de vigília. Tem lembrança do passado e, às vezes, a previsão do futuro. Quando o homem dorme, momentaneamente se encontra no estado em que estará de maneira permanente após a morte. Deste fato deveríamos aprender, uma vez mais, a não ter medo da morte, pois ‘morremos todos os dias’.”. Esta emancipação da alma, detalhada por Kardec no capítulo VIII de O Livro dos Espíritos, também é abordada no “mundo paralelo” da bruxaria, no mundo invisível onde voam os xamãs, nos “céus” que apóstolos bíblicos visitavam em suas revelações divinas obtidas durante o sono, nos planos sutis tratados pelos orientais, ou mesmo no “mundo das idéias” de Platão – a verdadeira realidade, fonte de eternidade e conhecimento, da qual nosso mundo físico é mera cópia temporária e imprecisa de que participamos, enquanto nossa alma se purifica ao longo de vidas em direção à perfeição e ao Bem. Qualquer que seja a explicação ou crença, os relatos se unem, e ao acordarmos, trazemos impressões desse convívio espiritual, na forma de lembranças de sonhos e projeções. Já em outros momentos, mais rememorados e não menos importantes, nossos sonhos se revestem de uma linguagem simbólica para tratar de conteúdos inconscientes, intimamente ligados à nossa reforma íntima e sintonia espiritual. E é nessa hora que conhecimentos da psicanálise e psicologia junguiana e transpessoal devem se unir às nossas experiências. É na análise desse simbolismo que podemos encontrar, dentre várias possibilidades, a voz de nosso ‘Self’ ou Eu Maior que, numa visão espiritualista, pode ser traduzido como a porção mais elevada de nosso espírito individual, em sua plena consciência coletiva, e que, constantemente, nos orienta em relação ao que podemos fazer para atingirmos nossa realização pessoal e espiritual – ou, mais comumente, deixarmos de fazer para não nos afastarmos demais de nossos objetivos nessa vida. Deixar de prestar atenção aos sonhos é, portanto, como recebermos todo o dia uma carta importantíssima do Alto, e nunca nos dignarmos a abri-la ou tentarmos interpretá-la, apenas porque quem a escreveu ou transportou tem uma linguagem um pouco diferente da nossa habitual. Outra possibilidade da interpretação dos sonhos é a de tratarmos nossos conteúdos pessoais mais ocultos. Não podemos nos esquecer que o trabalho psíquico de nossas luzes e trevas internas, bem como nossa resolução ou aprisionamento a desejos e emotividades desmedidas determinam aonde nossa alma irá, por sintonia, e as companhias que terá. E é nos sonhos – sejam literais ou simbólicos, psíquicos ou espirituais – que podemos perceber mensagens claras visando nosso equilíbrio emocional, correção de equívocos, compensação de excessos, visando um maior equilíbrio na vida. Esse processo é comumente conhecido no meio espírita como “reforma íntima”, que pode e deve ser auxiliado pela análise dos sonhos e auto-observação, uma vez que se constitui muito mais de autoconhecimento e mudança de atitude, na prática, do que de freqüência a um local ou aceitação doutrinária. É possível também, através dos sonhos, termos contato com o inconsciente daquelas pessoas e espíritos com quem temos maior afinidade, com o inconsciente coletivo de toda a humanidade, com visões de vida além do tempo e espaço, com o plano astral e nossos amparadores espirituais; e, em última análise, com a própria experiência direta de Deus. Em atendimentos psicanalíticos e junguianos, comumente observa-se o relato de sonhos premonitórios, ou compartilhados entre casais. Também é comum que pacientes relatem sonhos que usam adequadamente mitos que jamais conheceram conscientemente, como forma de explicação ou resolução de seus conflitos pessoais. Nota-se, também, em alguns casos, a solidificação no terreno dos sonhos (ou talvez no astral) de desejos (ou receios) fortemente plasmados, de modo que muitos deles tendem a se realizar posteriormente na vida do analisando.
Inconsciente Coletivo e Jung Observações práticas como as até aqui narradas levaram Carl Gustav Jung a estabelecer que o inconsciente estudado pela psicanálise é também coletivo e de tal modo organizado que parece guiar a consciência para uma realização evolutiva rumo a um “centro” inteligente que, na falta de um nome que sempre seria impreciso, ele preferiu chamar mesmo de “Deus”. Se o inconsciente se revela também coletivo e transpessoal – ou seja, com conteúdos que vão muito além do ego individual, trazendo algumas vezes claras influências telepáticas, premonitórias, projetivas ou espirituais – os sonhos continuam sendo a via direta para essa parte maior de nossa vida, e, se corretamente compreendidos, são nossa principal ferramenta de auto-conhecimento, auto-realização e aproximação com o divino. Grande estudioso da psicologia da religião e dos fenômenos espirituais, Jung relata em sua autobiografia que se admirava de seu pai, um pastor protestante, ter tantas teorias e dúvidas sobre Deus e nunca ter lhe ocorrido simplesmente olhar para dentro de si e falar diretamente com Ele, como o próprio Jung fazia desde criança através dos sonhos. Nas palavras de Carl Gustav Jung, “O fiel não pode contestar o fato de que há ‘somnia a Deo missa’ (sonhos enviados por Deus) e iluminações da alma impossíveis de serem remetidas a causas externas. Seria uma blasfêmia afirmar que Deus pode se manifestar em toda a parte, menos na alma humana.” Jung encontrou a mesma incongruência em diversas vertentes teológicas e psicológicas de seu tempo, e certamente a encontraremos também nos tempos atuais. Muitas pessoas buscam Deus apenas na racionalização teológica, na troca constante de religiões (não confundir com o universalismo responsável), na esperança de um fenômeno paranormal inquestionável, na busca de um centro “mais adequado”, na confiança extrema em algum médium ou guru, e até mesmo em sites de internet. Ainda que algumas dessas vias externas tenham suas utilidades e justificativas, é também fato que a maioria dos que as buscam fora de si muitas vezes se esquece de perguntar diretamente a Ele. “Quem olha para fora, sonha. Quem olha para dentro, desperta”, comenta Jung.
Mecanismos e funções dos sonhos Realização de desejos – Uma das principais funções de nossos sonhos é a realização de desejos, conscientes ou não. A repressão constante de desejos poderia nos levar a várias psicopatologias, em particular às depressivas e histéricas, ao passo que a satisfação indiscrimidada poderia nos levar ao hedonismo ou à sociopatia. Assim, o sonho pode servir como válvula de escape, prevenindo a neurose e restabelecendo nosso equilíbrio. Nessa categoria temos, por exemplo, os sonhos de adolescentes com sexo. Condensação – Os sonhos podem reunir em uma só imagem elementos de vários conteúdos. Por exemplo, uma pessoa aparentemente desconhecida em um sonho pode apresentar, quando analisada, o nariz de uma pessoa de nosso convívio, nome de outra, roupas de uma terceira e a profissão de uma quarta. Nesses sonhos, pode ser útil observar o que os elementos ou pessoas condensados tem em comum, ou em que campo de nossa vida ou personalidade se fazem conjuntamente presentes. Deslocamento – Ocorre quando o inconsciente desvia o conteúdo de uma pessoa ou situação para outra, seja por similaridade, seja para diluir uma carga psíquica que ainda recusamos a admitir. Por exemplo, se ainda não aceitamos que já gostamos de alguém, pode ser que sonhemos com outra pessoa em seu lugar. Também é comum, em clínica, que pacientes relatem sonhos “prevendo” a morte de outros parentes, distantes ou já desencarnados, quando uma pessoa a quem são ligados está prestes a desencarnar. Compensação – Importante função, descoberta por Jung, em que o sonho parece reequilibrar uma balança psíquica, através da apresentação de um conteúdo inverso. A intensidade da correção é proporcional ao desequilíbrio da vida desperta, sem fazer juízo moral. O sonho evita que a descompensação interna não trabalhada se transforme em neurose, ou, pior, que sua energia psíquica acumulada se materialize na forma de sincronicidades negativas, karma ou atração de situações desnecessárias. Como exemplos, temos a pessoa ciumenta que constantemente sonha que está sendo traída; o depressivo que, na falta de motivação em vida, “compensa” dormindo e sonhando em excesso; o funcionário humilhado que sonha agredir o chefe; e a pessoa com baixa auto-estima que sonha se sentindo “honrada” por estar na presença de pessoas famosas. Jung relata também o caso de um paciente que supervalorizava a mãe, mas sonhava sempre que ela seria uma bruxa. Até mesmo a realização de desejos, de Freud, pode ser vista como um caso particular da função compensação. Ainda que o ciumento do exemplo não deseje (conscientemente) uma traição, pode vir a tê-la não como premonição, mas como conseqüência de suas próprias posturas e inseguranças projetadas. As compensações são diferenciadas das falsas previsões pelo seu sentido contrário à vida, pela sua natureza exagerada e reversa, quase como espelho ou caricatura, tendo sempre um caráter reparador de um excesso, falta ou repressão que já cometíamos. Prospecção – Similar a uma previsão de futuro, entretanto, não possui caráter paranormal, e sim, a conseqüência de algo que ainda não percebemos conscientemente, mas que tende fortemente a se realizar. O inconsciente consegue perceber o rumo que as coisas tomam e nos avisa de antemão, a exemplo de um computador que antecipa inúmeras jogadas de uma partida de xadrez. A diferença da prospecção para a premonição é que aqui não se trata de uma questão de destino ou deslocamento no tempo, e sim, da atuação lógica de uma inteligência maior, permitindo e sugerindo uma atitude que modifique o que foi vislumbrado. Metáforas – O inconsciente é atemporal, e, portanto, não fala em nossa linguagem objetiva e seqüencial. Ele tem sua lógica e tradução, mas é preciso notar que suas mensagens são, em geral, simbólicas e metafóricas, onde um quadro subjetivo representa, com propriedade quase artística, um conteúdo psíquico ou situação concreta importante. Assim, a forma como dirigimos um carro pode simbolizar nossa condução de vida; uma sensação de exposição ou falta de privacidade pode ser retratada como nudez e dificuldades concretas podem virar montanhas em sonhos. Como um pintor em busca de inspiração, o inconsciente usa a imagem que melhor exemplifique a situação. Como exemplo, uma pessoa com má condução de vida, que tenha passado o dia dirigindo pode sonhar, à noite, com a estrada - mas, provavelmente, a forma como dirige no sonho tratará mais de sua vida psíquica do que da viagem do dia anterior. Premonição – São sonhos onde o inconsciente, que é atemporal, percebe situações do futuro. São bem mais comuns do que imaginamos, mas a maioria das premonições observadas não tem caráter de alerta ou profético, mas apenas o de escolher, no dia seguinte ou em dias futuros particularmente marcantes, algo que ilustre um conteúdo simbólico que precise muito representar. É como se o inconsciente observasse o tempo do alto de uma pirâmide, à procura da imagem mais adequada – passada, futura, arquetípica, coletiva, mitológica – para condensar em uma só metáfora. Por exemplo, ao conversarmos com um colega de trabalho podemos lembrar que sonhamos exatamente com a frase que ele acabou de dizer. Neste caso, mais que prever um diálogo simples, o inconsciente está se valendo da situação ou conteúdo como metáfora de algo mais importante. Projeção astral – Caso particular em que a alma se emancipa temporariamente do corpo físico, entrando em contato com o mundo espiritual. Pode ser consciente ou não durante sua ocorrência, e também variar em grau de rememoração ao acordarmos depois. Mais detalhes no começo deste artigo. Materialização de desejos – Se tendemos a plasmar no astral aquilo que desejamos fortemente, especialmente aquilo em que estamos pensando no momento de dormir; e se tudo que há no astral tende a se duplicar e materializar no plano material, temos, então, que os sonhos podem ser, para bem ou para mal, visões do que estamos construindo para o nosso futuro. Isso pode ser utilizado como técnica de co-criação de realidades, no caso de imagens positivas; ou de correção de rumos em relação ao que tende a acontecer de “indesejado” (na verdade, desejado equivocadamente), caso não mudemos a condução de nossa vida. Sonhos criativos – Os sonhos podem trazer a resolução de problemas que estudamos, ou a síntese de uma criatividade artística, literária, musical ou intuitiva. Muitos escritores escreveram seus clássicos a partir dos sonhos. A invenção da máquina de costura, a descoberta da estrutura cíclica do benzeno e até mesmo a surpreendente disposição dos elementos químicos na tabela periódica de Mendeleiev são exemplos de sonhos que resolveram problemas consideráveis. Entretanto, em todos esses casos, o sonhador sempre estava trabalhando anteriormente no problema. Ou seja, o sonho criativo constitui uma inteligência de síntese superior à capacidade racional da mente consciente.
Outras visões Para Frederick Perlz, criador da Gestalt, nenhum sonho é desprovido de sentido. Tudo deve ser integrado e todo elemento presente no sonho é uma parte da personalidade projetada. Já para Ann Faraday, os sonhos tratam também das grandes questões existenciais que precisam ser enfrentadas em algum momento da vida e que são anunciados por angústia ou desconforto emocional. Para Sigmund Freud, todo sonho seria a realização de um desejo, e sua linguagem empregaria deslocamentos e condensações. Para Donald Winnicott, os sonhos tratam do “cuidado”, às vezes sugerindo uma atitude restabelecedora, sendo que podemos sonhar o sonho de outra pessoa. Assim, pode haver sonhos de um casal, sonhos do paciente para um analista, e até mesmo a possibilidade de um governante sonhar o sonho de uma nação, como no clássico sonho do faraó do Egito, interpretado por José, na Bíblia.
Sonhos na Antigüidade Os registros mais antigos que possuímos de estudos de sonhos vêm dos assírios, em 6000 a.C.. Placas traduzidas revelaram ser um profundo estudo sobre interpretação de sonhos, que atribuía a sua origem ao contato com espíritos. Já os egípcios acreditavam que os sonhos vinham dos deuses e serviam para aconselhamento, avisos premonitórios ou resposta a perguntas do sonhador. Gregos possuíam templos de incubação de sonhos, onde os deuses visitavam o sonhador e respondiam às suas perguntas. Hipócrates estudou os significados dos sonhos de doentes, antecipando diagnósticos. Platão estudou a natureza da alma humana, antecipando conceitos próximos ao inconsciente, à repressão de desejos e à sombra, que a Psicanálise só estudaria 2500 anos depois. Aristóteles escreveu três livros sobre os sonhos. O curioso é que os temas mais comuns dos sonhos estudados pelos antigos continuam presentes até hoje. Em qualquer cultura, tempo e local, todos os homens tendem a sonhar, por exemplo, com águas sujas, perseguição, perdas de dentes, nudez, provas para as quais não está preparado, sexo, realização de desejos, quedas inesperadas e capacidade de voar, aparentemente, todos com significados também comuns. Já no Gênesis, no Antigo Testamento, José interpreta sonhos de prisioneiros e do Faraó, salvando o Egito das conseqüências de um tempo de grande fome, a partir da interpretação do simbolismo de sete vacas gordas e magras. Com suas habilidades em escutar as mensagens de Deus nos sonhos, particularmente os premonitórios, José sai da condição de escravo para a de braço direito do Faraó. O profeta Daniel, o mesmo da cova dos leões, também desvenda diversos sonhos na Bíblia, seja para salvar sua própria pele, seja para interpretar os sonhos do Rei Nabucodonosor. O próprio livro do Apocalipse, assim como várias outras passagens de apóstolos e profetas, são relatadas como visões que o escritor teve durante sonhos e saídas do corpo, “onde teria sido levado por Deus aos céus”.
BOX 1 - Interpretação dos sonhos mais comuns A seguir, alguns significados que ocorrem freqüentemente em sonhos. Para mais detalhes, é importantíssimo consultar um dicionário de símbolos, que expanda nossa reflexão, e nunca um dicionário de sonhos determinista. Também observar que o conteúdo pessoal do símbolo para o sonhador é mais importante que o significado coletivo, e que a interpretação de sonhos deve partir de associações que o sonhador faz com cada elemento do sonho, do qual o significado coletivo do símbolo é auxílio amplificador, e nunca uma generalização. Água – Na maioria das vezes, trata de questões emocionais. O mar pode ser uma representação do inconsciente; e o movimento, limpeza e estado da água metaforizar nossos sentimentos e emoções. Sonhos em que flutuamos em piscinas ou águas paradas podem também representar um desejo de regressão, ou seja, de voltarmos à “barriga da mamãe”, às vezes como defesa da impotência em se lidar com uma situação da “vida adulta”. Água suja – Muitas vezes, indica situações emocionais complicadas, que “turvam” nossa natureza emocional. Conseguir evitá-las pode indicar maturidade diante de dificuldades. Ondas Gigantes – Podem sugerir um período de grande turbulência emocional, ou em que as águas do inconsciente parecem estar prestes a nos engolir. Conseguir flutuar sobre elas, ou não ser atingido, pode ser um bom sinal. Nudez – Em geral, trata de temas como exposição excessiva, fragilidade diante dos julgamentos sociais ou mesmo falta de privacidade em algum ambiente ou situação. A exposição indesejada pode nos perguntar sobre o que as pessoas pensariam sobre nós se pudessem nos conhecer exatamente como somos, e não como tentamos aparentar. Muitas vezes, apenas o sonhador está incomodado com sua nudez, e as pessoas parecem não se importar – a exemplo de quando nos cobramos excessivamente em relação a algo que não é tão importante assim. Estar voando – Pode ser uma alusão ao elemento ar, que metaforiza a atividade racional e a função pensamento. Também pode sugerir suavidade e capacidade de ver os problemas e cenários a partir de uma perspectiva superior. É também bastante associado a rememoração de experiências de projeções astrais. Perda de Dentes – Presente em todas as épocas e culturas, em geral fala do tema da perda, particularmente a de juventude ou de poder. Os dentes também caem naturalmente em alguns momentos da vida, além de estarem associados a caveiras – o que pode sugerir uma consciência de momentos marcantes de nossa existência, ou mesmo do inexorável passar do tempo. Banheiro – Além do já tratado no tema da nudez, os banheiros são também locais onde deixamos dejetos, bem como fazemos nossa higiene pessoal. Dependendo do contexto, o sonho pode tratar da eliminação do que não nos é mais necessário, ou de nossa necessidade de purificação. Perseguição – Podem dar vazão a partes de nós que nos perseguem, tais como culpas, negações ou conteúdos tratados na figura da “sombra”. Se o sonho é recorrente e o sonhador tem consciência, a sugestão é não fugir, e perguntar ao perseguidor o motivo pelo qual nos persegue. Seja um conteúdo psíquico ou até mesmo um processo de assédio, a resposta sempre apontará para questões internas nossas que, se trabalhadas, melhorarão nossa sintonia espiritual. Morte e nascimento - Gravidez, bebês e partos são metáforas comuns para início de processos. Do mesmo modo, a morte em sonhos pode ser apenas uma metáfora para o encerramento de um ciclo. Subterrâneos – Em geral, tratam de processos inconscientes. O mesmo pode valer para porões, poços e escadarias descendentes. Veículos – Na maioria dos casos, tratam da condução de vida. Observar qual o meio de transporte, e em que meio se locomove. Automóveis podem ser também metáforas dos nossos veículos de manifestação, a começar pelo corpo físico. Elementos – Água, Terra, Fogo e Ar são associados universalmente às experiências emocionais, às percepções dos sentidos, à iniciativa e à atividade mental. São também associados às funções racionais de Jung, respectivamente o sentimento, a sensação, a intuição e o pensamento.
BOX2 - Dicas práticas sobre sono e sonhos
BOX3 - Estruturas psicológicas em sonhos Sombra – Representa as partes de nossa personalidade que, embora presentes, não queremos aceitar. Se não aceita e trabalhada, pode ser fonte de neuroses ou obsessões. Muitas vezes percebida nos sonhos como seres lendários, vampiros, demônios, conteúdos lamacentos, insetos, cenários umbralinos e outras estruturas que nos provoquem medo ou repugnância. Ânima – O inconsciente do homem, que tem características femininas (yin), uma vez que socialmente os indivíduos deste sexo desenvolvem no consciente as características simbolicamente masculinas. Pode se apresentar nos sonhos como uma mulher que nos atrai de modo amoroso e não sexual, uma irmã, uma princesa ou um simbolismo maior do feminino. Ânimus – O inconsciente da mulher, que tem características simbolicamente masculinas (yang). Muitas vezes se apresenta nos sonhos como homens sem rostos, ou como a presença de pai, irmão e filho, militares uniformizados, ou outros simbolismos em que haja uma iamgem claramente masculina, porém impessoal. Persona – As máscaras que precisamos usar para desempenharmos nosso papel social. Aquilo que “estamos”, e que muitos confundem com o que “somos”. Nos sonhos, pode ser ilustrada por máscaras, documentos de identidade, troca de roupas e outras formas externas de apresentação e identificação. Self – Eu Maior, elemento centralizador da psique, englobando conteúdos conscientes e inconscientes. Um dos objetivos da terapia junguiana, assim como do autoconhecimento espiritual é fazer com que o centro de nossa personalidade passe do ego consciente para o Self, ou seja, que nossas decisões sejam cada vez mais guiadas pelo Eu Maior, pela harmonia com o coletivo e pela realização da nossa função existencial. Para que o Self se manifeste plenamente é imprescindível uma integração entre consciente e inconsciente, bem como o reconhecimento de nossa sombra. Superego - Estruturas que sugerem repressão, necessidade de aprovação. Formado pela internalização das regras paternas e sociais, muitas vezes se apresenta como policiais, figuras austeras, examinadores de provas, ou no desconforto de se ver nu ou frágil aos olhos dos demais. Cachorrão-Cachorrinho – Estruturas onde há, nos sonhos, um sujeito opressor e um outro oprimido. Destaca nossos conflitos internos e, quando aparecem, nos sugerem refletir sobre em que aspectos de nossa personalidade nos consideramos fragilizados ou mesmo vitimados, e por que.
BOX4 - Considerações importantes sobre sonhos
Lázaro Freire (www.voadores.com.br/lazaro) é psicanalista transpessoal e terapeuta junguiano, licenciando em Filosofia, criador da Lista Voadores e colaborador do IPPB. Ministra, a convite, cursos sobre Sonhos e Sincronicidades, Magia Mental, Projeção Astral, Tarot & Jung, Inteligência Emocional e temas afins. Atendimentos clínicos em São Paulo:
Leia mais sobre sonhos:
-- Lázaro Freire lazarofreire@voadores.com.br
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