04 de dezembro de 2024
                 
     
                         
Lázaro Freire, Acid0 e Lobão na MTV: Daime é droga ou religião?
Psicanálise Transdisciplinar em SP com Lázaro Freire
Seja um colaborador ativo da Voadores!
Cursos e palestras da Voadores em sua cidade
Mensagem de Wagner Borges
Mais novidades

 
  

Colunas

>> Colunistas > Benedicto Cohen (Bene)

Ka, Ba, Corpo Astral, Alma...
Publicado em: 04 de setembro de 2006, 17:03:26  -  Lido 3110 vez(es)



Para os antigos egípcios o todo (ou o self) era composto de diversas partes
diferentes. Além da forma física existiam outras oito partes, algumas delas
imortais e outras que sobreviviam por algum tempo à morte física, aqui na
terra mesmo. Assim, o homem era formado por 9 partes.

O significado exato destas partes já não é claro para nós. A idéia egípcia
da Alma foi muito manipulada, ao longo do tempo, nas esperançosas tentativas
de encaixá-la na idéia de alma que temos hoje.
Mas a comparação já começa a perder o pé no momento em que lembramos que os
egípcios, pra começar, não acreditavam em reencarnação.

Assim, como vamos ver abaixo, nenhuma destas partes pode ser totalmente
identificada com nossos conceitos modernos de corpo astral, duplo etérico,
alma, etc., mas apenas correlacionada.

Um exemplo disto é a comparação do Ka com o corpo astral. Hoje inclusive
fala-se do Corpo Ka, que seria mais ou menos o corpo astral.
Por aproximação, esta comparação até funciona. Mas existem grandes
diferenças: O Ka é um duplo, e os egípcios acreditavam que os animais, as
plantas, a água e até as pedras possuíam seu próprio Ka. Sim, o Ka de um
homem podia sair por aí, enquanto a pessoa dormia, mas podia até ir morar
para sempre numa planta, caso preferisse. O Ka podia também aparecer como
fantasma ou obssessor, para outras pessoas que tivessem feito mal ao 'dono',
mesmo enquanto este ainda estivesse vivo, atormentando a vida da pessoa que
o prejudicara, até que esta corrigisse o mal feito. Mas a principal
diferença é que o Ka tinha 'vida' e consciência própria.

Depois da morte, então, a função do Ka era completamente diferente da do
corpo astral. (veja abaixo).

A propósito, outra confusão comum é associar o pássaro com cabeça humana a
Ka (na verdade esta era a forma material adotada por Ba, não por Ka).

Como Lionel Casson esclarece, no livro 'Ancient Egypt'(Wallis Budge diz
praticamente a mesma coisa, no prefácio de sua tradução do Livro dos
Mortos), as partes do todo que compõe o homem, segundo os egípcios, seriam
as seguintes:

(Aqui só é explicada a função de cada uma delas DEPOIS da morte física)

Khat (Kha) - A forma física, o corpo que termina com a morte, a parte mortal
do ser humano, que só pode ser preservada através de mumificação.

Ka - O duplo, que permanecia na tumba, habitando o corpo ou mesmo as
estátuas do morto, mas que era independente daquele e podia se mover, comer
e beber, por vontade própria.

Ba - O pássaro de cabeça humana, que voava em torno da tumba durante o dia,
trazendo ar e alimento para o morto, mas que viajava com o deus RA, na Barca
Solar, no fim do dia.

Khaibit - A sombra do homem. Podia participar das oferendas funerárias e era
capaz de se desprender do corpo e viajar, por conta própria, embora
dependesse do Ba para existir.

Akhu - Esta era a parte imortal, o ser de luz que habitava o intelecto, a
vontade e as intenções do morto e que sobrevivia à morte e ascendia aos
céus, para viver com os deuses.

Sahu - O corpo espiritual incorruptível, que habitaria os céus, depois do
julgamento feito pelos deuses (se fosse aprovado, é claro), com todas as
habilidades mentais e espirituais do homem, enquanto vivo.

Sekhem - A personificação incorpórea da força da vida, no homem, que
voltaria a viver no céu com a parte imortal Akhu, após a morte.

Ab - O coração. Era a fonte do bem e do mal, dentro da pessoas, e o centro
dos pensamentos. Podia deixar o corpo, quando quisesse, e após a morte iria
viver com os deuses ou seria devorado por Ammut, indo para a morte
definitiva, caso não tivesse uma pesagem adequada, no julgamento final, onde
era pesado numa balança.

Ren - O nome verdadeiro, uma parte vital do homem em sua jornada através da
vida e no pós-morte. Uma parte mágica, que poderia destruir um homem, caso
seu nome fosse esquecido ou poderia dar poder ou ruína a ele. Por isto, as
cerimônias para recebimento do 'nome verdadeiro' eram secretas, e a pessoa
usava a vida toda um apelido, para que ninguém soubesse seu nome verdadeiro.

Como dá para ver, o todo era uma mistura de partes espirituais, partes
físicas e até do nome (algo bastante certo, a meu ver, inclusive em termos
xamânicos).
Parte deste todo ficava sujeita à decomposição (e não seria nada bom para as
outras, se isso acontecesse), algumas das partes permaneciam cuidando do
morto, aqui no físico mesmo, haviam partes eternas que voltavam para as
fontes 'energéticas' de onde vieram, e haviam partes que eram julgadas após
a morte, para 'sobreviver' ou não, mantendo a personalidade do morto (parece
que a consciência, como nós a temos quando vivos, ficava com Sahu. Na
verdade sahu é uma espécie de corpo espiritual, que agruparia as partes
'aprovadas' ). E havia, é claro, a parte do nome, tipo um registro de sua
passagem pela terra, que não deveria ser esquecido pelos vivos, para o bem e
sobrevivência do 'resto'.

Bene

--
Benedicto Cohen (Bene)
beneluxbr@yahoo.com.br


Deixe seu comentário

Seu nome:
Seu e-mail:
Mensagem:

 
Atenção: Sua mensagem será enviada à lista Voadores, onde após passar pela análise dos moderadores poderá ser entregue a todos os assinantes da lista além de permanecer disponível para consulta on-line.































Voltar Topo Enviar por e-mail Imprimir